Leia Hoje: Perdão, Leonard Peacock - Matthew Quick

FICHA TÉCNICA: 
TÍTULO: Perdão, Leonard Peacock | AUTOR: Matthew Quick | EDITORA: Intrínseca | PÁGINAS: 223

Já ouviu dizer que pequenas coisas importam bastante?

Ou mesmo que a chave é fazer algo que marque você pra sempre na memória das pessoas?

Leonard Peacock quem me contou.

Aliás, hoje é o aniversário de 18 anos do Leonard. Ele não planejou nada muito divertido, apenas duas coisas. A primeira é presentear as quatro pessoas que realmente se importam com ele de um modo especial. 

Primeiro Walt, um velho que o ensinou a amar filmes preto e branco como ele e mora na casa em frente. Segundo, Baback, um músico descendente de iranianos que estuda na mesma escola que ele e o deixa passar o recreio ouvindo seus treinos com o violino. Depois Lauren, a garota religiosa que tenta evangelizar pessoas no metrô e por quem ele tem uma paixonite desde o primeiro dia que a viu, mesmo sendo ateu. E, finalmente, Her Silverman, o professor de uma disciplina especial sobre o Holocausto que os pediu para escreverem cartas de pessoas que eles só conhecerão no futuro e uma daquelas pessoas que faz questão de ser gentil, mesmo com pessoas que não merecem. As melhores pessoas, você sabe.

Leonard quer que eles fiquem felizes com o presente escolhido a dedo, bem como que essa seja uma boa última lembrança de como ele era. Que eles não se sintam culpados depois que a segunda coisa planejada para hoje acontecer.

É que hoje o Leonard decidiu atirar na própria cabeça no fim do dia. 

E, se possível, atirar no ex-melhor amigo, Asher, antes disso. 

Não o entendam mal, ele não é louco. Ele é um adolescente como qualquer um de nós é ou foi, o problema é que desde cedo precisou lidar com problemas pesados para seus ombros tão novos. 

O pai separou-se da mãe e é bastante ausente. E a mãe, que ele prefere chamar de Linda, é uma narcisista que o deixou sozinho numa casa em outra cidade porque é apaixonada por moda e trabalha em New York. Daquelas incapazes de passar por um espelho sem olhar pra sua imagem, bem como incapaz de ver o que faz aos outros ou a si mesma por dentro. Pena que espelhos não mostram o caráter das pessoas. 

E, acreditem, quando a solidão faz morada em alguém, não é fácil sacudi-la dos ombros ou mesmo não dar ouvidos aos sussurros que são pronunciados em meio ao silêncio. 

Mas, estes são só os primeiros momentos desse dia que começou com uma foto chamada de Dejejum Para Um Assassino Adolescente que mostra sucrilhos ao lado de uma pistola P-38 nazista legítima e você pode acompanhar comigo e o Leonard o que vai acontecer até o dia acabar. 

Ah! Já ia me esquecendo: 

Feliz aniversário, Leonard.

EXPERIÊNCIA DE LEITURA

Não sei vocês, mas adoro quando me identifico com um anti-herói. 

Convém explicar. 

É que adoro estórias que se assemelham a realidade e, vamos encarar, ninguém é preto no branco. Somos todos cinza. Ora bons, ora maus. Todos tentando entender o que é essência e o que é influência alheia em nossa personalidade. Gosto de personagens cinza e anti-heróis geralmente o são. 

Leonard me cativou desde o primeiro parágrafo. 

O jeito sarcástico com que ele lida com seus problemas, especialmente nesse dia fatídico, é o modo como muitos de nós procuramos lidar com os problemas. Aliás, por trás da ironia é possível ver alguém realmente cansado de lutar contra a própria tristeza. Tão cansado que chegou ao extremo de querer acabar com tudo isso antes da hora. Esse é um daqueles livros que você sente vontade de invadir as páginas, abraçar o personagem e dizer que entende como ele se sente. 

     
Sou apaixonada por notas de rodapé cheias de fatos que só acrescentam. A primeira vez que vi esse recurso foi no O Teorema Katherine do John Green e adorei. A  diagramação desse livro é um capitulo a parte. Totalmente apaixonante. Além das notas de rodapé, existe um capítulo com 4 páginas que contém apenas 4 palavras. A diagramação do texto também nos ajuda a entender o estado de espírito do personagem. Confuso, incerto.  

O tema me lembrou outro ótimo livro que ainda preciso resenhar, o "A Lista Negra". A escrita do Matthew Quick é ainda melhor que em "O Lado Bom Da Vida" e ele entrou para o rol dos meus atores queridinhos. 

Super indico a leitura e a reflexão sobre esse livro tão intimo e ao mesmo tempo, tão plural. 

E aí, já leram? O que acharam? Nos vemos nos comentários!