Partindo de mim

24 setembro 2011 /


Pra ouvir e sentir: Mardy bum – Arctic Monkeys
& Walk Away - Franz Ferdinand

Escorria pelos meus dedos como os fios de luz e o pó que tentamos capturar das fogueiras. Temos só um segundo e nada mais. Depois, é o fim, você luta por algo que nunca mais conseguirá. Eu tinha um desses fios de luz, um desses grãos de pó nas mãos agora. Escorrendo. Não havia como prendê-la por mais tempo. Eu só conseguia observá-la cada vez mais distante, embora seu pulso estivesse entre os meus dedos. Escorrendo.

Controlei o meu respirar, controlei a raiva, a vontade de sacudi-la e fazê-la entender que esse nós não precisava terminar como todos os outros, mas, os olhos dela me diziam que antes mesmo de ela começar a falar, tudo já havia ido embora. O Amor acaba quando um deles desisti de lutar e ela havia desistido de nós. Eu havia vencido aquela guerra. O cessar fogo não parecia nenhum alivio agora. 

Eu vi o (nosso) fim e isso doeu mais do que eu esperava. 

Irredutível e orgulhosa como ela sempre procurava ser (pra afirmar que estaria bem sem mim, embora na maioria das vezes parecesse bem mais uma afirmação pessoal do que uma constatação dirigida) falou qualquer uma daquelas frases que as pessoas sempre usam: vamos-preservar-o-que-restou, não-vou-te-esquecer, foi-bom-enquanto-durou. 

– Então, é isso... - e um receio percorreu todo o meu corpo, passando para ela através das minhas mãos suadas, que ela usava para deslizar de leve seu pulso entre meus dedos. Então coloquei minha armadura novamente e deslizei meus dedos para os bolsos do casaco. Aquilo irritou-a. – Você não vai dizer nada?! - perguntou, de modo agressivo, como eu só costumava ver numa daquelas nossas discussões acaloradas. 

– Não, eu não vou te falar... - eu quis falar baixinho, mas de modo rude, grosseiro. – Não pretendo te falar que estou guardando qualquer uma das minhas palavras para dizer enquanto você está de costas e eu fico lembrando do nossos cafés ao som de Franz, dos nossos beijos quentes na cozinha ao som de Monkeys e do modo como eu gosto do nosso armistício, do modo como você fez o Phoenix fazer sentido. Franz me disse pra amar o som dos seus passos indo embora, é o que eu farei, e esperarei que esse teu rímel escorra por mim, nem que só uma vez. Essa minha armadura anda enferrujada demais. Nem sei mais se sei usá-la, mas agora vou precisar. Só me restam as lembranças e as músicas que acabei de perder. Nós fomos uma trilha sonora, só isso, uma playlist que chega ao fim. 

Eu não disse nada naquilo. 
Não precisei, ela podia ver nos meus olhos.

Apenas senti os lábios dela pela última vez esquentando meu pescoço e o perfume dela ficou em meu casaco, no meu nariz, na minha memória. Observei os passos lentos e decididos dela. Um caminho sem mim, um caminho solitário sem nós. Eu não queria começar o meu ainda. Alguém agora esperava ela cruzar o seu caminho, eu não tinha certeza se queria cruzar o meu caminho com o de mais ninguém. Agora, eu só observava o vento entre seus cabelos e senti saudades de ser mais o motivo dos seus sorrisos, mas também um alívio por não ser mais o de suas lágrimas. 

Respirei.
Eu ia ficar bem, uma hora ou outra. Eu sempre fico.
E o fio de luz escorreu, enfim, até o chão. 
Não brilhou mais. 




NOTA DA AUTORA; Olá meus queridos leitores, obrigada por estarem por aqui sempre. Reafirmo sempre: vocês são os melhores. Muito obrigada pelo elogios e pelo comentários.  Em todo caso, esta nota é como um pedido... 
Sempre presei muito pelo visual leve e rápido aqui do blog, porque também não gosto de sites pesados e procuro fazer com que todos sintam-se a vontade por aqui, mas como estamos chegando em 50.000 visitas (e isso está me deixando muuuito feliz *-*) resolvi que é hora de transformarmos o blog em um .com, até mesmo pra - posteriormente - ajudar na divulgação do meu livro (sim, ele vai sair!). 


Só que pra isso preciso de dinheiro, e como vocês sabem, não ganho nada pelo trabalho aqui no blog (isso não é uma reclamação). Andei pesquisando sobre o sistema de ganhos aqui mesmo do google(adsense) e como já vi em outros blogs, acho seguro e justo. Só que: não quero colocar anúncios sem a autorização de vocês, leitores... Então, que me dizem de colocar propaganda aqui no blog, transformá-lo em .com e posteriormente usar esse dinheiro para o futuro livro? Concordam? 


Aguardo uma resposta aqui nos comentários,
Novamente obrigada por tudo,
Ilzy Sousa.

12 comentários:

  1. Tocante! Os eus liricos masculinos são os melhores. E este conto tem um ar melancolico, triste e ao mesmo tempo profundo. Gosto de contos assim, na verdade gosto de tudo assim, livros, músicas rs. Adorei esse conto, Ilzy! É de tocar a alma e nos mostrar (como eu sei muito bem) que os finais nunca são bons mas apesar deles sempre ficaremos bem.
    Parabéns minha flor. Marcastes mais um ponto comigo (:

    ResponderExcluir
  2. Eu adoro os masculinos, Ilzy! Eu custo para vê-los saindo de você, mas ficam tão marcantes no final dos contos que nem lembro que estranhei no início! Ficou ótimo, de verdade! Adorei esse conto (novidade... novidade...)!!!!

    ResponderExcluir
  3. Feito pra mim, sério. Ando vivendo isso. Disse não, fingi que tudo estava bem, me arrependi... tudo está mal. Obrigada de verdade, me fez ver o que talvez ele pense... ou não. LINDO!

    ResponderExcluir
  4. Ilzy, eu também adoro o seu eu lirico masculino. Amei o conto, como sempre. Sobre os anucios eu acho super justo só que tente não lotar seu site deles, ficam cansativos e algo muito comercial. Obrigada por sempre nos emocionar. Boa sorte com o site.

    ResponderExcluir
  5. é claro que voce deve investir em tudo isso querida voce tem um futuro brilhante,meus parabens por mais u conto maravilhoso que espressa sentimento,amor e aventura empoucas palavras muito ubrigada por tudo

    ResponderExcluir
  6. O teu gosto musical complementa os teus textos!
    Teus eu líricos masculinos me maravilham, até porque eles não são tão comuns em blogs quanto os femininos!
    E quanto as mudanças no blog, você tem o meu total apoio para fazê-las! E que felicidade de saber que o livro vai sair *--*

    ResponderExcluir
  7. Own, que perfeito, eu odeio não ter palavras pra comentar a altura dos seus textos, acho tão lindos *-*
    Eu super apoio a mudança no blog, acho justo, e não vejo a hora de ter seu livro em mãos *-*

    ResponderExcluir
  8. Olá, não tenho dinheiro também e estou montando meu livro, aqui na minha cidade/estado há leis de incentivo cultural e há sites que permite a impressão do livro por demanda, minha dica é: Monte o livro e depois se preocupa em como imprimi-lo. Enfim, qualquer coisa grita no msn.

    Parabéns pelo texto.

    ResponderExcluir
  9. Ilzy posta contos novos pelo amor de Deus kkk, por favor quero ler novos contos que por sinal são muitos bons. Bjuss.

    ResponderExcluir
  10. Ilzy, fica a vontade, vamos ler o blog e dar super clics no adsense pra te render uma graninha, okay?! hahahaha.. vai fundo, amiga!

    ResponderExcluir
  11. Já estou tão acostumada com a realidade desse conto. Ai, ai. Mas os fins são sempre duros. Até a palavra em si é. E mais uma vez, Ilzy: texto lindo.
    Ah! E claro que é uma ótima ideia a de colocar o adsense. O importante é ver seu livro ganhar vida.
    Oh, quero dizer que dificilmente comento nos contos, mas estou sempre por aqui, tá? É que às vezes eu fico sem saber o que dizer. Haha.
    Um beijo, linda. Parabéns mais uma vez!

    ResponderExcluir