All i need is... Max

13 março 2011 / Tags: , , ,



Algo molhado lhe percorria os dedos do pé. Ele retirou o braço dos olhos e observou entre suas pernas. Max tendia a cabeça para o lado esquerdo e deixava a longa língua caída bem ali. Aquele labrador sabia mesmo como sorrir de um jeito bonito. Alex sentia-se péssimo desde que ela se fora – e olha que já fazia um bom tempo – e sua única companhia e animação estava resumida naquele saco de pêlos. Observou Max novamente, procurando algum consolo nos olhos molhados do amigo. Ele sempre encontrava. Como resistir aquilo? Levantou-se devagar, agarrou a câmera no criado mudo e devagarzinho registrou aquilo.

Max já estava tão acostumado com os flashes do dono que nem se importava mais. Foi até onde o rapaz e esfregou sua cabeça em suas calças, exigindo sua recompensa a ser paga em moedas de carinho. Alex afagou a cabeça do amigo. Ele podia sentir que Max estava incomodado com sua falta de animação dos últimos meses. Costumava parar e pensar o que seria de si mesmo sem aquele carinha ali para lhe animar todas as vezes que a alegria lhe escapava pelos dedos. E claro, sem o seu modelo preferido. Logo desistia de pensar naquela besteira e encontrava as resposta em alguma coisa quebrada pelo apartamento: Seria mais fácil, mas não mais feliz.

Depois de dar um sorriso ao amigo – o melhor que conseguiu – lhe deu um tapinha nas costas: - Que tal um pouco de exercícios, amigão? Pegou a coleira de Max e colocou-a em seu pescoço. Fazia tempos que eles não corriam no parque e Max animou-se no mesmo instante. Alex vestiu uma calça de malha cinza, uma blusa de mangas azul marinho e uns tênis surrados que gostava, pegou o amigo pela coleira. Era hora de dar um pouco de animação a quem só havia feito aquilo para ele nos últimos meses.

Saíram em direção ao parque que ficava próximo dali. Max tão animado que corria loucamente, forçando Alex a correr ao seu lado. Os ventos do princípio da noite percorriam o pêlo de Max e por não dizer, os de Alex também. A lua cheia iluminava o parque e tirava da garganta do animal uivos de devoção.

Quando o coração já quase lhe escapava pela garganta, Alex forçou a coleira e pediu um tempo. Max – com relutância, mas compreensão – sentou-se ao lado do dono com a língua para fora e a cabeça no colo dele.

Há quanto tempo ele não fazia aquilo? Tempo demais! Perguntou e respondeu para si mesmo. Max colocou sua cabeça grande sobre o colo do dono que havia comprado água para os dois e aproveitava agora para verificar a câmera que havia trazido. Não era muita surpresa. Aquela máquina era quase um orgão externo de Alex desde... Bem, sempre. Ele – além de trabalhar com fotografia – era completamente apaixonado por registrar todos os momentos que pudesse.

Então, Max começou novamente a uivar para a lua. Depois, deu seu jeito de sair da coleira – habilidade adquirida com muito treino, diga-se de passagem – e correu em direção ao parque. Alex que não estava surpreso do amigo ter conseguido tal proeza, respirou fundo e correu novamente atrás de Max.

Perdeu-o de vista minutos depois.
Num desespero silencioso, Alex procurou o amigo com o olhar em todos os lugares.
Chamou com toda a força de seus pulmões.

Depois de procurar por todo o parque, sentiu duas patas escostarem em seus joelhos. Max estava ali com cara de quem não entendia o que o dono estava procurando. Alex deu uma enorme risada e abaixou-se, coçando a barriga do amigo que recebeu o carinho deitando-se com força no chão e deixando a língua tombar para o lado esquerdo.

O vento bateu suavemente em seu rosto e ele parou alguns instante observando o amigo deitado. Uma sensação de amor incomensurável invadiu-lhe as veias e ele compreendeu: Não importava quantas vezes seu coração fosse partido, Max sempre daria um jeito de colar todos os pedaços com um sorriso de lingua caída.


Dedicado ao meu colador de pedaços de coração: Dobby. Bebe da mamãe.
Obrigada por sempre curar as minhas dores com os seus sorrisos.
Eu te amo para sempre.

8 comentários:

  1. nossa, esse texto está perfeito <3
    nunca tinha pensado nos cachorros como coladores de pedaços de coração. sempre achei eles excelentes amigos e tudo, mas você conseguiu a metáfora que mais combina com um cachorro.
    e adorei o max *-* imaginei-o abanando o rabinho e olhando pra mim.

    continuo adorando seus textos :*

    ResponderExcluir
  2. Seus textos, sempre perfeitos. O tema, bom, quem não ama um cachorro? Eles são mesmo os melhores amigos *-*

    ResponderExcluir
  3. ai, que foofo! gostei muito, cachorros tem sempre um jeito de te animar.
    ps: ilzy, eu mudei o endereço do meu blog, esse que está no seu maravilhoso blogroll não existe mais, hehe, se quiser mudar e tal...
    beijos :*

    ResponderExcluir
  4. Eu não sou mto fã de cães, mas a historia esta legal, parabéns Yazita, continue assim s2

    ResponderExcluir
  5. Esse é ótimo, meu namorado adoraria ler.. ele tem uma cadela linda que é quem "cuida dele" hahaha! Outro lindo texto, sua linda! Parabéns! Lembrei de "Marley e Eu"!

    ResponderExcluir
  6. Em geral não gosto de textos que tenham animais, simplesmente por não entende-los como deveria. O animal mais próximo que tenho contanto é o rei leão guardado na minha coleção de VHS da infancia, tirando é claro as moscas, mas acho que elas não contam levando ao fato da minha mainha mata-las.

    Entretanto é algo como inesperado esse conto, eu jurava que ele ia encontrar um novo amor no park e pa pa pa tal, mas ele só (re?)descobriu o amor pelo cachorro e deve ser isso que eu mais gostei no texto.

    ResponderExcluir
  7. Que lindo!! Me emocionei muito!! *---------*

    ResponderExcluir