Sem titulo, com saudades.

16 agosto 2010 / Tags:


Ela havia feito tudo certo. Era domingo e acordara precisamente às oito horas da manhã. Coçou os olhos com o dorso da mão esquerda e e desejou dormir novamente por mais algumas horas, porém, levantou e tomou um banho gelado.

Os cabelos louros e curtos ainda estavam úmidos quando passou pela porta da cozinha, batendo o nó do dedo médio ali - uma mania adiquerida com o pai que ainda demonstrava a mesma coisa de quando criança: tristeza.

Pegou uma caneca preta, observou ao redor. Suspirou e tomou o pote de pó para preparo de capuccino de chocolate entre suas mãos. Esquentou a água. Mexeu tudo. Tirou uma mecha do cabelo que lhe incomodava os olhos.

Tomou a caneca nas mãos - sem usar a asa - e não se importou se lhe queimava as palmas. Debruçou-se sobre o para-peito da janela, após colocar a caneca ali. Observou a copa da árvore que alcançava a janela do seu apartamento no quarto andar. Observou também a janela que ficava de frente à sua e que - naquele momento - continuava fechada e acumulando pó. Que tipo de engenheiro construía um condominio onde os predio eram da mesma altura e as janelas uma de frente à outra? Alguém com dez num boletim de cálculo e zero em noção de privacidade.

Levou o líquido à boca e o deixou queimar-lhe a garganta, sem protestos. Sentiu que todo seu corpo ficava quente, mas ainda sentia que seu coração permanecia congelado. Não importava quantos daqueles tomasse, ele permanecia daquele jeito há muito tempo.

Tudo estava certo. Ela havia feito exatamente igual àquele dia e fez isso por muitos domingos. Então, porque ainda não podia ver as mãos longas e brancas dele abrindo a janela e sorrindo com aqueles dentes reluzentes? Por que ele não estava mais ali. Nem estaria.

Mortos não abrem janelas, nem sorriem. Não pagam aluguel, nem se importam se fazem tanta falta à ponto de causarem dor física e completa sensação de impotência perante o mundo. Mortos não amam.

Vivos sim.

Ela tomou outro gole de capuccino, mas tudo que pode sentir foi o gosto agridoce da saudades que nunca mais poderá ser morta com um abraço apertado.
•••

DEDICADO À: Pâmella, Nágilla, Renata, Ivisson, Rafael e Elana, que primeiro escutaram este conto;
Especialmente à Elana, pelo brilho nos olhos após o termino da minha leitura trêmula.
Obrigada por isso, Nega, é o tipo de coisa que me motiva a continuar escrevendo. Amo-te ♥
•••

NOTA DA AUTORA: É, eu não consigo ver um bom final para o MEDO DE OLHAR, então decidi que é hora de pensar se o transformo num livro - afinal eu decididamente percebi que conseguiria - ou se penso num final para umas cinco páginas. Por enquanto, pensem no que Lilah poderia fazer a respeito e obrigada por acompanharem ;)

11 comentários:

  1. imagine seu primeiro livro *-* escrito por você, editado e feito >.< Ilzy sousa SEU PRIMEIRO LIVRO! Apoiado.hahahaha é a melhor ideia... o que esta esperando, termineee antes de acabar o ano letivo, faça essa jura pra sí mesma,sinto-me que estou esperando já faz uns 182 anos, diga que sim eim? Certo então;estou a espera de seu livro escrito por voce!

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  2. Na vdd é o segundo, lee. Eu tenho um que tento terminar faz bem uns 3 anos xD se chama "o guardião". Ano passado colocaram tanta pressão sobre mim que terminei faltando 4 capitulos pro final. Estou pensando em dedicar uma parte do blog a ele, ali, do lado do eu-lirico. ;)

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  3. Quero ler o livro ''Medo de olhar'' completo... escrito por você! e já estou esperando a mais de 300 anos... >.<

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  4. sim! Por falar em "O guardião" cadê o resto, hein? Não esqueci não, quero muiiiito ler, aliás, 'a gente' quer ler (tu sabe ne?):§

    Ah!E apoio,também, esse novo: "medo de olhar", tô gostando!

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  5. Olha, por falar nas pessoas que me pressionaram, surgui a pior dela xDD (há proposito, obrigada amanda ;] )
    Certo, vou escrever os dois, mas preciso mesmo de tempo. Só consigo escrever bem de manhã (pelo menos livros) e eu estudo de manhã. Deixa só as ferias de Dezembro chegarem, e eu termino os dois (NOVA META DE VIDA RULES\o/)

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  6. Parabéns pelo que tu escreve aqui. Venho acompanhando teu blog a algum tempo já e poucas vezes vi textos de tanta sensibilidade. Parabéns mesmo. Continuarei leitora assídua. Beijos!

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  7. Ilzy, manda um beijinho pra mim quando tu for no Jô Soares? kkk, meniina, tu é mto boa nessa arte de escrever! PARABENS! :D

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  8. Gostei da sua crônica. Contém detalhes e sensibilidade suficientes para nos remeter ao cenário da sua imaginação. Há!braços

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  9. As pessoas mortas não amam... Nossa, que profunndo, Ilzy! E lindo!

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  10. É incrível o dom que você tem com as palavras. Parabéns!

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