Nós precisamos ouvir

04 março 2016 / Tags: , , , , ,


Recentemente, o meu curso de jornalismo na UFPI perdeu duas meninas para o silêncio. Uma delas estudou comigo. Era linda, inteligente, cheia de opiniões e talento. A outra infelizmente não conheci, mas a dor me atingiu como com a primeira.

As duas em menos de um mês.

A frase que mais tenho visto é "precisamos falar sobre isso", "as pessoas que têm esses pensamentos precisam falar sobre eles". Concordo que precisamos falar, concordo que silenciar sentimentos ruins tem matado pessoas todos os dias, concordo que existem sim jeitos de divulgar sem incentivar outros suicídios, sem usar da dor alheia à favor do sensacionalismo.

Mas, quando se diz genericamente que precisamos falar sobre isso a primeira pergunta que me vem é: Com quem mesmo? Com quem o potencial suicida vai falar? Com os pais (que não querem um filho "doente mental" como o preconceito é tão enraizado especialmente na nossa região), Com os amigos (que dizem que é um fase, que logo vai passar, que é frescura), com os colegas de sala (que dizem que eles passam pela mesma coisa e não sentem essa vontade, que ele não deveria sentir também). Quem vai entender? Quem vai ajudar?

Só dizer isso não basta.

Mais do que falar, precisamos mesmo é ouvir quem sofre. Ouvir sem julgar, sem pre-conceitos, sem trazer nossas crenças para a vida dos outros. Precisamos mesmo é oferecer o próprio ombro, é dizer EU estou aqui, EU quero te ajudar. É muito fácil dizer potenciais soluções genéricas, difícil mesmo é por a própria dor no bolso e ajudar um amigo.

Se você não está preparado para ajudar sozinho, existem pessoas que estão: Divulgue o 141 ou o Centro de Valorização da Vida (http://www.cvv.org.br/), divulgue grupos de apoio, incentive o amigo a procurar ajuda especializada. Vamos ouvir, ajudar, assumir o protagonismo disso.

Já chega de perder pessoas para o silêncio.
Quando o mal do século é a solidão, ouvir o outro é um ato revolucionário.


E se você, meu leitor tão querido, estiver precisando conversar com alguém, me procura numa dessas redes sociais ai do blog ou me manda um e-mail. Vamos conversar, colocar essa angústia pra fora. Pedir ajuda não é fraqueza, é um dos atos mais corajosos de todos!

Um comentário:

  1. Muito lindo esse texto! Se mais pessoas tivessem essa empatia, incondicional capacidade de amar e entender os outros, não teríamos tanto casos de suicídios ou depressão.

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