Aquele passarinho azul (Parte I)

09 abril 2015 / Tags:

Recomendo fortemente ler Bluebird do velho Buk antes de  começar a ler

Algumas vezes parece que a vida nos confunde pra depois mandar algo que precisamos ouvir. 

Enquanto controlo inutilmente em mim a quebra da barragem que segura todas as últimas emoções e espero que nenhuma transborde pelos meus olhos, me sento no chão imundo desse hostel barato nessa cidade que odeio as 6h da manhã ainda meio bêbada da noite passada, controlando igualmente o desejo de não existir para não precisar lidar com nada disso.

Umas das pernas que passam, que pertence a algumas dessas pessoas que falam línguas que eu não compreendo, me diz que as vezes é preciso cair antes de aprender a voar. 

E eu - que sempre quis ser um passarinho - percebo que é hora de alçar novos voos. Isso soa como uma despedida, mas não me entenda mal. Eu apenas não consigo passar muito tempo num lugar só, lidando com os problemas que parecem virar bola de neve sempre que eu venho como pequeno floco e caio em determinada faixa do mundo. 

Eu - sempre floco de neve que gera avalanche - quis algo calmo e consegui exatamente o oposto disso. Nada fora de costume, mas igualmente frustrante. Não é bonito contemplar o belo que nunca existiu. 

Eu - que faço de todos os meus sentimentos pequenos passarinhos azuis para não precisar voar sozinha - deixei esse mais agitado escapar e agora assisto sua morte sem pode fazer nada a respeito. Doeu. Doeu como o diabo vê-lo morrer assim com tanto pela frente, mas há de ser para um bem maior. Não que eu realmente acredite que existe algo como o bem maior, em todo caso. É só algo que as pessoas dizem nessas horas que não compreendo, que não sei sentir.

Eu - que me faço de labirinto e vivo me perdendo dentro de mim - assisto a mais uma morte de algo bonito sem realmente sentir. "Apática ao mundo" ele diria preocupado comigo. Pena está morto. 

Morreu em mim o que nunca existiu além daquele passarinho que eu mesma fiz. 
Morreu outro pedaço de mim. 
Quantas vezes alguém é capaz de morrer por dentro e continuar viva ao longe de uma existência? 

Nenhum comentário:

Postar um comentário