Sonhos e Metas

A vida adulta começa quando você para de contar os anos pelas séries da escola. 

Os prazos de trabalho e outras obrigações tornam as semanas e, especialmente, os fins de semana cada vez menores. Você passa a valorizar ainda mais coisas que antes pareciam bobas, como o almoço de domingo que reúne a família ou a conversa fiada com os amigos - porque todo mundo parece tão distante e tão ocupado agora e fica cada vez mais difícil marcar uma pizza que reúna todos como fazíamos tão facilmente há uns anos atrás.

Seu gosto invariavelmente muda. 

Sua personalidade também. 

Não que você perca a essência de quem é. Você apenas está mais aberto para o novo ou para experimentar de novo. Eu, por exemplo, comecei a gostar das coisas que mais odiava: chás, domingos, sopas, barbas e batom vermelho. Passei a odiar algumas coisas que amava: distâncias, segundas-feiras e solidão. Algumas coisas não mudaram: ainda amo sorvetes, livros, cafés e desenhos animados. Apesar disso, sinto que mudei pouco e ao mesmo tempo que mudei muito. Perdi-me dentro de mim inúmeras vezes, mas finalmente aprendi o caminho de volta para minha paz interior. 

O que mais assusta nesse processo é que você finalmente entende que é o único responsável pela realização dos seus sonhos. E aquelas metas de dez anos atrás são tão bobas perto das de hoje. Não perder o horário do desenho animado torna-se não perder o emprego. Comprar a boneca da moda torna-se comprar uma casa própria. E o mais assustador: não perder o ano no colégio torna-se ser alguém na vida. 

Quando eu tinha 15 anos fiz algumas metas para mim mesma que pareciam gigantes na época. 1. Mudar de cidade, 2. Sair da casa dos meus pais, 3. Ir num show das bandas internacionais que gosto, 4. Me formar numa universidade federal e 5. Visitar a Europa. O prazo: 21 anos. Minha idade favorita na época.

Tenho 21 agora e cumpri a maioria dessas metas e até o fim dessa idade estou caminhando para realizar as duas últimas: passagem datada pro fim de Janeiro com destino há seis meses em Portugal e TCC esperando na porta de casa quando voltar. 

Quando sentei hoje para escrever as metas de vida dos próximos anos fiquei assustada comigo mesma. Novamente pensei que estavam distantes demais, como as anteriores. 1. Ser mestre, 2. Ser doutora, 3. Ser docente em uma universidade, 4. Ter um apartamento próprio e 5. Mudar para perto da única cidade que me faz sentir em casa: São Paulo. Dessa vez o prazo é 31 anos. A idade mais assustadora pra mim hoje. 

Confesso: estou aterrorizada. Terrivelmente assustada com a ideia de entrar de vez na vida adulta. Mas, igualmente motivada. Sábio daqueles que entende que se der medo, é melhor ir com medo mesmo. Sábio daquele que faz metas com a intenção de cumpri-las. E mais sábio ainda aquele que não esquece de viver afim de cumprir as metas de impõe para si mesmo, entendendo que as metas mudam, as pessoas mudam e a vida é o que fazemos dela. 

Para 2015, desejo que seja doce. Repetindo 7 vezes pra dar sorte, como diria o Caio F. Desejo ler mais, escrever mais, conhecer gente nova, postar mais no blog e realizar mais sonhos. Fotografar mais, sonhar mais e especialmente ter coragem para saber quando é hora de frear e admirar tudo aquilo que conquistei com os olhos da criança interior. 

No mais, vamos vivendo.