O que você faz quando a vida lhe dá limões?

21 outubro 2014 / Tags: ,



As pessoas não acreditam quando falo que gosto de andar de ônibus. É verdade que o sistema no nosso país está longe de ser o ideal e merece maior atenção, tanto dos proprietários quanto dos governos. Mas, apesar de todas as raivas recorrentes, gosto de não precisar me preocupar com gasolina, estacionamento ou arranhões no veículo. E gosto, especialmente, de observar os estranhos ao meu redor.

O título desse texto vem assombrando meus pensamentos desde a primeira vez que pousou sobre os meus olhos. Fez morada no meu cérebro. Atormentou-me até onde pode. Hoje, após sair do trabalho, ganhei um empurrão nada metafórico que me fez chegar a conclusão da pergunta.

Como de costume, peguei um ônibus após o trabalho e fui sentar na cadeira próxima à porta de saída. Uma senhora já ocupava o banco e me sentei ao seu lado. Não demorou para a mulher surtar. Empurrando-me com pés e mãos ela mandava a toda altura que eu saísse de perto dela. O que eu poderia ter feito àquela senhora totalmente desconhecida em menos de três segundos, apenas com a minha presença, para afetá-la daquele modo? "Louca", pensei eu e todos os pares de olhos que observavam a situação.

Eu não havia dormido direito noite passada, estava cheia de preocupações do trabalho e da universidade e fadigada com o calor típico de Teresina. Qualquer pessoa normal teria surtado também. Teria gritado de volta ou mesmo empurrado de volta. Eu não. 
Recolhi o resto da minha dignidade, levante-me, sentei em outro lugar e finge que aquilo nunca havia acontecido. A mulher não voltou a me incomodar. Mas, a resposta para minha pergunta veio logo a tona.  

Quando a vida me dá limões, eu escrevo.

Escrevo, escrevo e escrevo porque esse é o meu modo de reagir aos meus problemas. Tento compreendê-los e abstrair o melhor deles. Outras pessoas, como a senhora no ônibus, empurram desconhecidos; Outras, choram e se prendem aos problemas como se eles fossem correntes; Outras esperam que outrem desvende a solução. Eu penso e escrevo. 

Escrevo até compreender que é preciso mesmo um pouco de amargor nos dias para saber apreciar o sabor suave gosto adocicado das coisas boas. Escrevo para entender como afeto o mundo e como ele me afeta na mesma proporção. Escrevo porque foi o único jeito que encontrei de organizar meus confusos pensamentos. 

E, enfim, escrevo porque enquanto compartilho meus limões com outrem, descobro que não sou a única à ganhar limões, sorrir e agradecer à vida. 

Um comentário:

  1. Preciso aprender a escrever tbm, pq quando a vida me dá limões só reclamo hahahah e isso é errado.

    Belo texto =D

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