Leia hoje: Soul Love - Lynda Waterhouse

05 agosto 2014 / Tags:



Se me permitem roubar uma frase de Alex Turner: a confiança é uma balaclava.

E quando se confia em alguém, não é preciso enxergar o torcer das mãos ou do rosto, pois sabemos que isso não vai existir. Nós confiamos nas pessoas olhando-as nos olhos. Um dos pilares de toda amizade é justamente isso: o poder que depositamos nas pessoas compartilhando os nossos segredos. Em Londres, então, isso não é uma simples qualidade, é um valor moral e obrigação de todo cidadão, igualzinho o “ser pontual na cidade que dita às horas do mundo”.

Ser confiável não é fácil de maneira nenhuma e exige todo um esforço pessoal. Especialmente quando é preciso guardar um segredo de alguém que amamos. Algo como um tesouro pessoal daquelas pessoas que depositam suas esperanças em nosso coração.

Mas, e quando os segredos começam a nos consumir?

Jenna é a típica adolescente orgulhosa que fica calada em sinal de protesto e faz mexas louras no cabelo castanho para atenuar um pouco a cor. Tem os olhos verdes e vivazes e a incrível capacidade de comentar absolutamente tudo com um pensamento irônico e engraçado. 

Ah, ela também viu o inferno partir ao meio abaixo dos seus pés quando precisou guardar um segredo grande demais. E que, por isso, foi enviada para uma cidade minúscula e monótona para ser a companhia de sua tia tristonha que foi abandonada pelo namorado e dar comida a uma gata chamada – veja só! – Talullah. Então ela conhece um rapaz, e outro… Ah sim! Sem esquecer do que ela deixou em Londres… Apesar de continuar sem namorado. E mesmo tendo prometido para si mesma que não se apaixonaria de novo tão cedo, toda mulher sabe como um garoto misterioso, autêntico, músico e que gosta de olhar as estrelas a noite é irresistível.

Mas acredite, esse não um melodrama cheio de pieguices.
É uma história de amor dos tempos modernos.
Do tipo da coisa que acarreta em tantas outras que é preciso escrever um livro sobre isso.

...

Você provavelmente não ouviu falar em Lynda Waterhouse porque ela não é do tipo de autora que teve trocentos livros publicados ou esteve na lista dos mais vendidos da “Times” ou do “Guardian”. É do tipo que com apenas um livro entra para história dos nossos corações e pro nosso hall de livros preferidos.

A sensibilidade de escrita de Lynda é algo fora do gibi – ou melhor, foradolivro – especialmente por tratar de temas tão delicados como confiança, amor, amizade de infância ou de verão, a coisa certa se fazer, problemas com professores, problemas com os pais, morte e claro, segredos.

Este, é o tipo de livro para se ler com o Twitter aberto, porque é cheio daquelas frases que resumem absolutamente tudo que sentimos em poucos caracteres. O tipo de livro para se ler mil vezes e ainda assim permanecer apaixonada por todo aquele enredo. 

* resenha originalmente postada no blog depoisdosquinze

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