Meu (não amado, porém, não odiado) Lar

13 julho 2010 / Tags: ,


A piegas conversa de que o mundo só parece mais belo do lado do visinho encaixa-se perfeitamente quando seus passos estão no gramado alheio. Nenhum lugar é melhor que o lar, mesmo que o seu lar seja o inferno na Terra e mesmo que - apesar de todos os meus protestos - algumas pessoas ainda sintam-se impedidas de acreditar em minhas palavras, elas ainda serão verdades diante de tudo que tenho aprendido este ano.


Nunca acreditei realmente que sairia daqui, mesmo que esse sempre tivera sido meu sonho. Tampouco achei que - caso saísse - voltaria. Aliás, já havia prometido para meu eu lírico que nunca mais voltaria, caso um dia me fosse. Poderia estar mais enganada? Creio que não. E não precisei de mais do que míseros noventa e muitos quilômetros para acreditar cegamente nisso.


O Maranhão não é o melhor estado do mundo para se morar - está realmente muito longe do nível da Noruega, então nem me atrevo a mentir nestas linhas. A maioria das pessoas do resto do país sequer sabe onde é sua localização, ou mesmo que aqui habitam pessoas. Na maioria das cidades, o desenvolvimento é baixo e as pessoas têm intelectualidade mesquinha e tosca. A tecnologia não é um dos seus adjetivos. Tem um dos piores índices de Desenvolvimento Humano do País. Tem baixa arrecadação. Tem economia essencialmente agrária desde a colonização, pendurando até hoje. O ritmo predominante é o forró, embora o brega e outros gêneros que não valem a pena a menção também façam suas aclamações.


Enfim, absolutamente tudo que não atrai os meus olhos.
Nem um pouco, acreditem.


Contudo, mesmo nunca tendo alimentado dentro de mim qualquer espécie de carinho pelo meu local de origem - e ainda evidenciando ao vento esta minha posição - conto os dias para voltar para cá toda vez que atravesso o rio Parnaiba em direção o Piauí. Um motivo? Um dos pré-requisitos para se julgar algo, é ter base em outro algo. Principio Geográfico da Analogia.


Não que eu tenha rancor do Piauí. Não é isso, acreditem, eu até tenho algum afeto pelo local. Eu só não encontro lá, tudo que eu encontro aqui. Justo eu que nunca pensei que canção do exílio um dia faria sentido, sinto-me na obrigação de assumir uma atitude exilada e julgar o Maranhão, não pelos seus defeitos, mas por aquilo que se esconde nestas terras que tanto me faz falta.


Sinto falta dos calores amenos das tardes. Dos ventos suaves dos domingos pela manhã. Do céu azul anil com bolinhas de nuvens brancas. Das chuvas fortes ou não, e de como elas trazia um alívio interno, lavando-me como lavam a terra. Das imensas árvores frutíferas, da grama seca. Dos temperos suaves nas guloseimas. Dos amigos e das risadas que deixei em casa uma destas ruas. Dos morros, das serras, das chapadas, dos cocais, das paisagens. Das estrelas brilhando à noite. Do sol brilhante no pôr-do-sol.


Sei que poderia encontrar qualquer um destes citados em qualquer lugar, mas nenhum deles parece tão belo quanto aqui. Nenhum deles parece tão ameno, ou me transmite esta sensação de história, mesclada com calmaria e belos terrenos ainda virgens, tanto para olhares como para explorações. Pode ser que aqui eu não encontre as melhores pessoas, mas também não são as piores como eu acreditava - acreditem, existem pessoas muitos piores! -, e mesmo que não aja muito desenvolvimento, este último não me parece tão grande assim, visto de perto. No final, eu volto à ideia do simples e perfeito.


Não é que o Maranhão tenha algo especial, é só que apenas estas terras me transmitem aquilo que eu não consigo descrever. E não, este não é um pensamento de voltar atrás, eu não irei voltar, mas quero sempre pode recordar e sentir falta. Não que eu ame este lugar, longe de mim amar tamanho desatino, mas também não o odeio como antes. Não mais. Não é que eu veja muita coisas nestas terras, mas é o unico lugar em que eu me sinto completamente a vontade para chamar de "Meu Lar".


Sinto muito brasileiros nacionalistas, mas Gonçalves Dias não estava falando do Brasil em "Canção do Exílio"... Ele estava falando do Maranhão, a única Terra das Palmeiras e Sabiás.

2 comentários:

  1. ainn! mesmo assim... só lá nós podemos fazer tudo o que a gente faz yha!! lá é o NOSSO LAR

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