Devaneios

13 maio 2010 / Tags: ,

25.07.09, por volta das 15h00.

Primeiro, uma suave melodia. Yann Tiersen inundava meus ouvidos com Summer 78. Meus dedos se moviam no ar e em um minuto nada existia alem de um longo piano de calda e meus dedos. Minha cabeça reconfortava-se no travesseiro. Optei por deitar-me de cabeça pra baixo, assim, o ventilador poderia me cobrir por completo com sua suave brisa. Era um belo céu quando abri os olhos. Fechei-os devido a claridade.

Ao contrario de muitos, o interior de minhas pálpebras não me revela um lugar tenebroso. Nada de breu. Primeiro vêm o vermelho; se deixo os olhos relaxados, vem o laranja e se ponho as mãos aos olhos, vem o azul céu de chuva. Por fim, apenas se pressiono muito as pálpebras ou recosto meu braço sobre meus olhos pode ver o negro. Devo acrescentar que adoro cores? Incluindo as ausências delas.

Depois concentro-me no ar que entra e sai vitalmente, de meus pulmões. É puro, sereno e reconfortante. Imagino se poderia viver sem ele, concluo que não. Porque, o que seria dos belos domingos onde o sol brilha calorosamente, onde céu é azul anil e as nuvens lembram bolas de algodão, se não existissem as brisas frescas? Ou ainda, o que seria dos desavisados sem guarda chuva se não existissem os ventos fortes que são mensageiros do temporal? Não, decididamente não viveríamos sem o ar.

É fácil esquecer-se da vida quando se tem um céu perfeito a frente. Gostaria que não precisássemos de grades protegendo nossas janelas, assim poderia apreciá-lo melhor. Mas posso me conformar. Existem brechas e isso já me basta. A massa branca, que caminha em direção a sabe o vento onde, não tem forma aparente, mas nota-se um leve escurecimento em sua base. Seria um sinal de chuva? Creio que não. Então me deparo com uma bela antítese.

Desde criança estudamos que o principio de inverno dar-se precisamente dia vinte e um de junho. Onde moro parece acontecer exatamente o contrário. Acabamos de sair de uma época chuvosa e fria e, quando olho para o céu de principio de inverno, nada mais admiro do que o principio de um belo dia de sol. Einstein disse que tudo é relativo (isso inclui o tempo certo?), provavelmente concordarei com ele.

Einstein... Recordo da prova de Física adiada no dia de hoje. Assim como recordo as outras três que terei amanhã.  Logo sou puxada bruscamente a realidade. Esforço-me para entender qual a linha de pensamento lógico do elaborador de horários de avaliações que coloca Gramática, Química e Produção textual num mesmo dia. Logo desisto, não há lógica nisso e pronto.

Elevo meu corpo, sento-me em minha cama confortável e logo pego meus livros próximos (havia destinado aqueles breves minutos para um pouco de relaxamento antes da maratona de estudos)... Devaneios? Até logo, a realidade não é tão simples quando a brisa suave que cobre meu rosto neste momento.

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13.05.2010, por volta das 21h20 PM

Quase um ano depois, finalmente realizado.

Nossa! Faz quase um ano que eu escrevi este primeiro post para o blog. E a maioria das coisas não mudaram. A maioria, não todas. Obviamente houveram mudanças. Bem expressivas, posso acrescentar. Eu ainda escutoYann Tiersen e ainda fingo que toco piano no ar. Ainda concordo com a teoria da penumbra das palpebras e ainda preciso me esforçar muito para as provas de física. Ainda me dou tempo para devaneios, mesmo que cada vez menos - com este por exemplo, onde - ironicamente - acabei de estudar para uma prova de... conseguir adivinhar? se disse física, parabens!

Contudo, não moro mais na mesma casa. Não vejo mais o céu com a frequência de antes. Sinto falta da janela que deixa meu quarto dourado ao pôr-do-sol. Sinto falta do meu quarto, da minha cama, das paredes listradas. Da minha mãe, do meu irmão, do meu pai, do meu cachorro, dos meus amigos. Até mesmo daquela cidade desprezível, si nela escondem-se alguns dos meus objetos de desejo.

Tanto tempo. Tempo nenhum. Tempo de tudo. Tempo de nada. A velocidade com que as coisas acontecem é tão assustadora que me leva a elevar as mãos aos céus gloriosos e agradecer por ter um espaço para guardar todas as lembranças. Egoísmo, eu sei, precisamos esquecer algumas coisas, memória também tem limites. Mas me recuso a esquecer algumas delas. Terminantemente, preciso recordar. Não no intuito de reviver, mas no intuito de recordar e novamente me deliciar com as sensações que elas já me proporcionaram.

No mais, creio que esteja feito. Primeiro post de muitos. Mas, sem muita frequência.

Beijinhos :*

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